De acordo com o BMJ, este mito está, provavelmente, associado à experiência fisiológica de vista cansada, uma vez que a fraca iluminação pode criar a sensação de dificuldade em focar, secura, etc.
Contudo, estes efeitos não persistem, assegura o BMJ, e, portanto, não provocam danos permanentes na visão. A conclusão foi inferida a partir da pesquisa em estudos e investigações disponíveis na internet, o que levou vários especialistas a insurgirem-se contra esta conclusão e a apresentarem argumentos do contrário.
Afinal, ler com pouca luz faz (ou não) mal aos olhos? O oftalmologista Eduardo Marques, distinguido pelo American Biographical Institute no livro Great Minds of 21st Century, esclarece a questão.
A verdade:
Não existe evidência científica de que a leitura em ambientes com pouca luz faça mal aos olhos.
O esforço visual nestas circunstâncias pode trazer alguns sintomas de desconforto (dor nos globos oculares, dores de cabeça, ardor ocular, visão turva), que no seu conjunto os oftalmologistas chamam astenopia, mas que não trazem consequências para a saúde dos olhos e melhoram se tivermos o cuidado de fazer pequenas pausas durante o período de leitura ou usar óculos caso eles sejam necessários.
Nas últimas duas décadas tem-se especulado muito sobre a possibilidade de o esforço visual, nomeadamente a leitura, poder ser causa de aparecimento de miopia ou do seu agravamento, sobretudo em crianças em idade escolar.
Os defensores desta teoria, baseada em estudos epidemiológicos cuja validade tem sido posta em causa por diversos motivos (e que, por conseguinte, não está totalmente esclarecida), sustentam a utilização de óculos com lentes bifocais ou progressivas por crianças míopes como forma de tentar evitar a progressão da miopia.
A causa primária da miopia é a hereditariedade. Existe evidência científica de que o esforço visual possa ter um papel menor na progressão da miopia; contudo, esta progressão não é alterada pela redução da utilização dos óculos para ver ao longe, nem pela utilização de óculos para perto ou lentes bifocais.
Esta questão poderia ser esclarecida definitivamente através da realização de estudos epidemiológicos bem estruturados envolvendo grupos com grandes números de crianças em idade escolar, seguidas durante vários anos no âmbito de protocolos de investigação rigorosos.
Mas isto levanta inúmeras dificuldades práticas e algumas questões éticas, pelo que a prática corrente entre os oftalmologistas na Europa e nos EUA consiste em acompanhar as crianças míopes, corrigindo a visão de acordo com a evidência científica actual, sem limitar a criança nos seus períodos de leitura ou estudo, e sem recorrer a lentes bifocais no caso de uma simples miopia.
fonte : saude.sapo
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